Fragmentos I: aquela tarde
Princesa,
Sou eu novamente vindo diretamente do puxa-estica do dia-a-dia. Tirei um tempinho pra responder sua carta eletrônica tão linda, especial. Adorei ter recebido. Feliz por sentir que está à vontade em compartilhar, dividir o peso e a leveza da vida comigo (não que isso só esteja acontecendo agora, mas estamos nos conhecemos mais e mais, e isso é adorável!). Desculpa, porque sei que não há tanto motivo pra alegria. A Clarisse havia me dito que estava com uma conhecida no hospital, na UTI, mas não tive a dimensão do seu sofrimento. A perda dói muito. Enorme sentir-se sozinho num lugar escuro. Angústia.
Agora, lendo seu "emeio", vi que talvez fui um pouco insensível contigo. Não sabia que estava tão sentida...Não quis tocar no assunto pra dar leveza ao nosso encontro, mas não queria ser displicente. Sorry.
Engraçado, a vida é uma fusão de florzinhas com o perigo constate da grande tempestade. Lindo você se ater as florzinhas. A sua beleza singela. E grandiosíssimo. A morte é um tufão. Devastador. A gente nunca tá preparado , mesmo sabendo que um dia ela vem. Não lembro a parte em que Kurosawa aborda a morte em Sonhos. Quero assisti-lo novamente. Também gostaria de vê-la com outros olhos. Por outro lado, sabendo da finitude, temos a possibilidade de sugar todo sopro de vida. E embriagamos, sonhamos, amamos, dando o compasso durante a dança.
Agora, forças pra passar esse momento difícil. Pense nela bem, mesmo que isso signifique estar longe e definitivamente. "O que ficou nada vai mudar". Com o tempo, junto com os cabelos brancos, a gente coleciona deliciosas lembranças de momentos, pessoas. E nisso, uma certa sabedoria que no fim das contas pode virar blá blá blá de gente velha. Gente que já viu demais, ouviu demais, sofreu demais e, acima de tudo, amou demais. Engraçado, toda essa sapiência parece ser inútil já que a vida só vale se experimentada. Mas nem tudo se perde..."Levanta, tira essa cara que não é sua, e vai, não se entrega..."
Beijo grande.
Rio, 16 de novembro de 2006.
Sou eu novamente vindo diretamente do puxa-estica do dia-a-dia. Tirei um tempinho pra responder sua carta eletrônica tão linda, especial. Adorei ter recebido. Feliz por sentir que está à vontade em compartilhar, dividir o peso e a leveza da vida comigo (não que isso só esteja acontecendo agora, mas estamos nos conhecemos mais e mais, e isso é adorável!). Desculpa, porque sei que não há tanto motivo pra alegria. A Clarisse havia me dito que estava com uma conhecida no hospital, na UTI, mas não tive a dimensão do seu sofrimento. A perda dói muito. Enorme sentir-se sozinho num lugar escuro. Angústia.
Agora, lendo seu "emeio", vi que talvez fui um pouco insensível contigo. Não sabia que estava tão sentida...Não quis tocar no assunto pra dar leveza ao nosso encontro, mas não queria ser displicente. Sorry.
Engraçado, a vida é uma fusão de florzinhas com o perigo constate da grande tempestade. Lindo você se ater as florzinhas. A sua beleza singela. E grandiosíssimo. A morte é um tufão. Devastador. A gente nunca tá preparado , mesmo sabendo que um dia ela vem. Não lembro a parte em que Kurosawa aborda a morte em Sonhos. Quero assisti-lo novamente. Também gostaria de vê-la com outros olhos. Por outro lado, sabendo da finitude, temos a possibilidade de sugar todo sopro de vida. E embriagamos, sonhamos, amamos, dando o compasso durante a dança.
Agora, forças pra passar esse momento difícil. Pense nela bem, mesmo que isso signifique estar longe e definitivamente. "O que ficou nada vai mudar". Com o tempo, junto com os cabelos brancos, a gente coleciona deliciosas lembranças de momentos, pessoas. E nisso, uma certa sabedoria que no fim das contas pode virar blá blá blá de gente velha. Gente que já viu demais, ouviu demais, sofreu demais e, acima de tudo, amou demais. Engraçado, toda essa sapiência parece ser inútil já que a vida só vale se experimentada. Mas nem tudo se perde..."Levanta, tira essa cara que não é sua, e vai, não se entrega..."
Beijo grande.
Rio, 16 de novembro de 2006.
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